Canto IX
Depois, os versos dizem que a “vida” (vita- v.7), i.e. a alma, daquele “lume santo” (v.7), seu interlocutor, volta-se
para o Sol (metáfora de Deus), retornando para o Empíreo. Então Dante dirige-se
às “almas iludidas e criaturas ímpias”
(Ahi
anime ingannate e fatture empie- v. 10),
ou ao leitor, repreendendo-as por se afastarem daquele “bem que cumula qualquer coisa" (/.../ ben ch’ a ogne cosa è tanto- v.9),
“inclinando vossas testas para o que é
vão!” (drizzando
in vanità le vostre tempie!- v.12).
“E
eis que um outro daqueles esplendores” (Ed ecco un altro di quelli splendori- v. 13),
uma outra alma, aproxima-se do poeta e “manifestava
em seu “brilho exterior” (significava nel chiarir di fori- v. 15) o desejo de agradar-lhe, ou seja, de
satisfazer a sua curiosidade sobre quem é ela. O amor desses espíritos
manifesta-se pela intensidade de sua luz...
Beatriz, que tinha os olhos fixos em Dante, dá a este consentimento com
seu olhar, e ele então se encoraja para dirigir-se diretamente ao espírito. Dante
lhe pede que demonstre que lê seu pensamento, como é próprio dos que residem no
Empíreo junto a Deus. Dirige-se à alma nestes termos:
“Deh, metti al mio voler tosto compenso,
beato spirto”, dissi, “e fammi prova
ch’i’ possa in te refletter quel ch’io
penso!” (v. 19-21)
“Dá
pronta compensação ao meu desejo (de saber),/ beato espírito”, eu disse, “e
fornece-me a prova/ de que podes refletir em ti o que eu penso!”
J.Flaxman, Cunizza da Romano |
O espírito então lhe responde, estendendo-se
do v. 25 até o v. 63. Inicia por referir-se à sua região de origem “Naquela parte da malvada terra/ itálica”
(In
quella parte de la terra prava/ italica /.../- v. 25-26), a Marca Trevigiana, de cuja colina
(chamada Romano, onde se situa o castelo da família), desceu uma “tocha ardente” (facella- v.29) “que
fez à região um grande dano” (che fece a la contrada un grande assalto- v. 30). Trata-se de Ezellino III da Romano,
o senhor tirânico da região, que Dante colocou no Inferno, junto aos “violentos
contra seus vizinhos” (Inf. XII, 109-110). Mas o espírito que assim fala não é
ele e sim um bem-aventurado. É sua irmã, Cunizza, que se autoidentifica no
v. 32. Ela se casou várias vezes,
inicialmente com o senhor de Verona, por conveniência política. Foi raptada
pelo trovador Sordello, com quem viveu vários anos. Mais tarde casou-se
novamente e enviuvou. E casaria ainda mais uma ou duas vezes, segundo os
cronistas da época. Sua vida refletiu a influência do planeta Vênus (2), onde
ela está agora, “porque me venceu o lume
desta estrela” (perché
mi vinse il lume d’esta stella- v. 33).
A seguir, Cunizza da Romano
refere-se a uma “luminosa e cara joia”
(/.../ luculenta e cara gioia- v. 37) que está ali, próxima dela, e
desfruta de “grande fama” (v. 39) que
se prolongará por muitos séculos. Esse espírito é identificado mais adiante
como Folco (v. 94) (ou Foulquet de Marseilles), um famoso trovador que na
juventude dedicou-se a uma vida de prazeres mas que, depois, retirou-se do
mundo, tornou-se monge e posteriormente bispo de Toulouse, tendo falecido em 1231
(3). Assim, os seres humanos devem buscar a mesma excelência de conduta dele “para que outra vida suceda a primeira” (sì ch’altra vita la
prima relinqua- v. 42),
i.e., a da fama (o reconhecimento social é identificado com a bem-aventurança
do Paraíso). Mas nisso não pensa a população que vive na região entre os dois
rios citados no v. 44, vale dizer, na Marca Trevigiana, pois ela “nem sendo golpeada se arrepende” (né per esser batuta
ancor si pente- v. 45).
Cunizza passa então a fazer algumas “profecias” (Dante continua a usar o artifício de fazer com que os seus personagens “prevejam”
fatos que, na realidade, já ocorreram, quando da elaboração do poema (cuja ação, como já foi dito, situa-se em 1300):
1)
na primeira delas afirma: “mas logo
ocorrerá que Pádua/ manchará a água do pântano que Vicenza banha/ por ser gente
rebelde ao seu dever” (ma tosto fia che Padova al palude/ cangerà l’acqua che
Vincenza bagna,/ per essere al dover le genti crude;- v.46-48). Ou seja, os guelfos de Pádua serão
derrotados por Cangrande della Scala, aliado aos gibelinos da cidade de Vicenza,
o que ocorreu, de fato, em 1314. Os guelfos não reconheciam a autoridade do
imperador Henrique VII (4);
2)
no local onde os dois rios citados no v. 49 se juntam, i.e., em Treviso, “alguém domina, e vai com a fronte alta,/ mas
já para capturá-lo se faz a rede” (tal signoreggia e va con la testa alta,/ che
già per lui carpir si fa la ragna-
v.50-51), uma
referência a Riccardo da Cammino, o déspota de Treviso, assassinado em 1312 enquanto jogava xadrez (5);
3)
“Feltro ainda chorará a falta/ do seu
ímpio pastor, tão vil/ que, por ato semelhante, ninguém entrou em Malta” (Piangerà Feltro
ancora la difalta/ de l’empio suo pastor, che sarà sconcia/ sì, che per simil
non s’entrò in malta- v. 52-54). Cunizza afirma aqui que a população de Feltro ainda vai
se lamentar pela traição de seu bispo, Alessandro Novello, a um grupo de gibelinos
de Ferrara, a quem ele inicialmente ofereceu refúgio mas depois os entregou às
autoridades de Ferrara, que os mandaram executar em 1314. Ele cometeu esse ato
vil para mostrar a sua lealdade ao partido (guelfo) daquelas autoridades. Segundo
o v. 54, nenhum dos que foram para a prisão eclesiástica de Malta cometeram ato
de vileza semelhante (6). Na sequência, o poeta usa a imagem curiosa de um
recipiente, que em vez de vinho contém o sangue das vítimas de Ferrara,
ofertado àquelas autoridades, além de usar também um tom sarcástico no v. 58:
Troppo sarebbe larga la bigoncia
che ricevesse il sangue Ferrarese,
e stanco chi ‘l pesasse a oncia a oncia,
che donerà questo prete cortese
per mostrarsi di parte; e cotai doni
conformi fieno al viver del paese. (v.55-60)
Muito
grande seria o recipiente/ que recebesse o sangue ferrarês,/ cansando quem o
pesasse onça a onça,
que
esse padre generoso oferecerá/ para mostrar-se fiel a seu partido;/ e tal
oferta será conforme os costumes da região.
Cunizza conclui sua fala afirmando que
suas palavras (proféticas) são “justas”
(buoni- v.63) porque ela, como os outros espíritos
bem-aventurados, recebe a luz de “Deus
judicante” (Dio
giudicante- v. 62) refletida
nos “espelhos, que vós chamais Tronos”
(/.../
specchi, voi dicete Troni- v. 61).
Assim são chamados os anjos da terceira ordem, na hierarquia celestial, abaixo
dos Querubins e Serafins, esta a ordem mais elevada. Para S.Tomás de Aquino, a
ordem dos Tronos está associada ao bom governo humano (7)
Após dizer essas palavras, Cunizza se
retira, reintegrando-se às demais almas bem-aventuradas, e aparece diante de
Dante outro espírito, “qual fino rubi
tocado pelo Sol” (qual
fin balasso in che lo sol percuota- v. 69),
aquela “outra alegria” (L’altra letizia- v.
67) já referida (Folco ou
Foulquet de Marseilles). Antes de prosseguir, os versos alertam para o
significado do brilho dessa “joia” celeste. Eles falam sobre uma peculiaridade
do Paraíso (“lá no alto”), quando comparado à Terra (“aqui”) e ao Inferno (“lá
embaixo”):
Per letiziar là sù fulgor s’acquista,
sì come riso qui; ma giù s’abbuia
l’ombra di fuor, come la mente è trista. (v. 70-73)
Lá no
alto, a alegria se manifesta pelo brilho/ assim como aqui pelo riso; mas lá
embaixo/ a sombra se torna mais escura quando a mente entristece.
Amos Nattini |
Na sequência, Dante
dirige-se diretamente ao espírito. Inicia afirmando que “Deus vê tudo, e tua visão está contida nele” (Dio vede tutto, e tuo
veder s’inluia- v. 73). Em
consequência disso, ele também sabe o que se passa no interior de Dante. Indaga
por que então esse espírito já não se antecipa, e antes que formule sua
pergunta, já lhe sacie a curiosidade fazendo ouvir a sua voz, “que o céu alegra/ sempre, junto com o canto daqueles pios fogos,/ que
de seis asas fazem a vestimenta” (/.../ la voce tua, che ‘l ciel trastulla/
sempre col canto di quei fuochi pii/ che di sei ali facen la coculla- v.76-78). Os “pios fogos”, segundo as notas em Mandelbaum, são os Serafins (que na língua hebraica significa
“ardentes”), os quais, de acordo com a Bíblia (Isaías 6:2), são dotados de seis
asas: duas para cobrir o rosto, duas para cobrir os pés, e outras duas para
voar (8).
Folco então começa a
falar, e suas palavras se estenderão do v. 82 até o último verso do Canto (v. 142). Ele
inicia por indicar a localização geográfica de sua origem, chamando o
Mediterrâneo de “O maior vale em que as
águas se expandem” (La
maggior valle in che l’acqua si spanda- v.82) “fora daquele mar
que a terra circunda” (fuor di quel mar che la terra inghirlanda- v. 84), ou seja, fora do mar que domina
todo o hemisfério Sul, exceto a ilha-monte do Purgatório, conforme a concepção do poema. Afirma que viveu no litoral desse “vale”
(v.88), entre os rios Ebro, espanhol, e o Magra, italiano. Afirma ainda que
tanto sua cidade natal quando Bougie, no norte da África, estão “Sob o mesmo ocaso quase e o mesmo amanhecer”
(Ad un
occaso quasi e ad un orto- v. 91),
vale dizer, estão aproximadamente sob o mesmo meridiano. Quando se refere a
Marseilles, acrescenta sobre a terra natal: “que uma vez tornou quente o porto com seu sangue” (che fé del sangue suo
già caldo il porto- v. 93),
uma referência, segundo os comentaristas, ao episódio histórico relacionado à sua
conquista por César com a derrota no mar das forças de Pompeu em 49 a.C. (9)
Como assinala Hollander, em vez de Folco dizer simplesmente “Nasci em Marseilles”, o poeta faz esse seu personagem estender-se numa perífrase de doze versos! (v. 82-93). Uma justificativa para tanto é o ponto de vista de “astronauta” adotado por Folco, que a partir de uma perspectiva planetária aproxima-se aos poucos da Terra até chegar à sua cidade natal (10).
Como assinala Hollander, em vez de Folco dizer simplesmente “Nasci em Marseilles”, o poeta faz esse seu personagem estender-se numa perífrase de doze versos! (v. 82-93). Uma justificativa para tanto é o ponto de vista de “astronauta” adotado por Folco, que a partir de uma perspectiva planetária aproxima-se aos poucos da Terra até chegar à sua cidade natal (10).
O espirito menciona “en passant” três casos de amantes
famosos, já que estamos no planeta Vênus:
o de Dido (v.97-98), o de Fílis (v. 100-101) e o de Hércules (v.101-102). Mas
esses personagens literários-mitológicos não arderam de amor mais do que ele, Folco,
quando era jovem. A rainha cartaginesa Dido
(filha de Belo e viúva de Siqueu) não amou Eneas (marido da falecida Creusa)
mais do que ele, nem Fílis (princesa da Trácia, nascida em Ródope, por isso
chamada “rodopiana” no v. 100), que se suicidou porque pensou que seu amado Demofoonte
a abandonara, nem Hércules (chamado aqui Alcides, nome grego derivado de Alceu,
seu avô) amou mais Iole, que raptou de
sua casa na Tessália (11).
Folco onde está já não
precisa se arrepender de nada (a memória do pecado já lhe foi apagada no rio
Letes) e só lhe cabe desfrutar da bem-aventurança juntamente com outros
espíritos. Por isso eles apenas sorriem – expressão de seu contentamento – nesse
lugar em que foram colocados “pela
virtude divina, que tudo ordenou e dispôs” (ma del valor ch’ordinò e provide- v.105).
O espírito advinha que Dante quer
saber quem está ali, aquela outra luz perto da sua, na mesma ordem de beatitude
que ele (céu de Vênus). Trata-se de Raab (v. 116), “que dela recebe o selo da sua luz no mais alto grau“ (di lei nel sommo
grado si sigilla- v. 117).
Conforme a Bíblia (Josué, 2:1-21 e 6:17), Raab era uma prostituta que escondeu
em sua casa, e ajudou na fuga, dois emissários enviados por Josué para espionar
a terra de Canaã e a cidade de Jericó (12). Ao Paraíso, “/.../ antes de outra alma,/ ela foi alçada, quando Cristo triunfou”
(/.../
pria ch’ altr’ alma/ del triunfo di Cristo fu assunta- v.120), i.e. quando Cristo subiu aos céus,
após a Ressurreição, e levou consigo muitos espíritos que estavam no Limbo. Dante
aqui --- o que é bem característico da radicalidade de seu cristianismo -- ao
mesmo tempo em que exalta a prostituta, critica o Papa (Bonifácio VIII), que
estava desinteressado em recuperar a Terra Santa, então nas mãos dos infiéis muçulmanos (/.../ Terra Santa,/ que pouco importa a memória do Papa: /.../ la Terra Santa,/ che poco tocca al papa la memoria-
v. 126-127).
Nos versos abaixo, o poeta, ao
referir-se a Raab, usa de duplo sentido ao empregar o vocábulo “palma”, tanto
entendido como símbolo da vitória, o que era usual na Antiguidade, como na
acepção de palma das mãos. Ambas as conotações relacionam-se a Cristo. No
primeiro caso, refere-se ao “triunfo de Cristo”, à Redenção humana, que
significou, pelo seu sacrifício na cruz, conforme a doutrina católica, a
abertura das portas do Paraíso para os seres humanos, fechada desde o pecado
original. No segundo, refere-se à palma das mãos do Cristo crucificado.
Ben si convenne lei lasciar per palma
in alcun cielo de l’alta vittoria
che s’acquistò con l’una e l’altra palma (v. 121-123)
Foi
justo deixá-la neste céu/ como símbolo da grande vitória/ conquistada na cruz
com uma e outra palma
Folco depois dirige-se diretamente a
Dante, criticando a presença do mal em Florença: “A tua cidade, plantada por aquele/ que primeiro deu as costas ao seu
Criador” (La
tua città, che di colui è pianta/ che pria volse le spalle al suo fattore- v.127-128), ou seja, Lúcifer. Este liderou a
revolta dos anjos contra o Senhor e invejou a felicidade de Adão e Eva. Daí a
menção à inveja no v.129. Florença “produz
e espalha a maldita flor” (produce e spande il maladetto fiore- v. 130), vale dizer, o dinheiro, ou o florim, moeda da cidade, que
trazia em uma de suas faces a imagem do lírio (13), “que tem desviado do bom caminho as ovelhas e carneiros/ por ter feito
do pastor um lobo” (c’ha
disvïate le pecore e li agni,/ però che fatto ha lupo del pastore- v. 131-132)
(note-se a incidência de animais nessa imagem relativa ao rebanho
católico e a crítica ao seu pastor, i.e. o papa Bonifácio VIII, transformado em
lobo pela prática da simonia). Dante, pela boca de Folco, prossegue em sua crítica, afirmando que o
Evangelho e os doutores da Igreja foram abandonados. O papa e os cardeais estão
mais atentos nas “Decretais” (coleção de decretos e decisões que baseavam as
reivindicações da Igreja quanto ao seu domínio temporal e privilégios) (14) e
não se voltam a Nazaré, onde ocorreu a Anunciação, a visita do arcanjo Gabriel
a Maria. Mas Folco prevê que no futuro o Vaticano e outras áreas de Roma serão
libertas desse mal. Os locais em questão são “eleitos” porque neles morreu e
foi sepultado S. Pedro (Vaticano), e também muitos mártires da Igreja (“os seguidores de Pedro”), enterrados nas
catacumbas (15):
Ma Vaticano e l’altre parti elette
di Roma che son state cimitero
a la milizia che Pietro seguette,
tosto libere fien de l’avoltero. (v.139-142)
Mas o
Vaticano e as outras partes eleitas/ de Roma, que foram cemitérios/ dos
seguidores de Pedro,/ logo serão livres desse adultério (v.142), vale dizer, desse amor ilícito (pelo
dinheiro, causa da simonia então praticada).
Frente e verso de um florim (1332-48) |
NOTAS
(1)
MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante Alighieri- Paradiso”. A verse
translation by Allen Mandelbaum. Notes by Anthony Oldcorn and Daniel Feldman,
with Giuseppe Di Scipio. Bantam Books, 1986- p.340.
(2) Id. ib, p. 340-341
(3) SAYERS, Dorothy L. and REYNOLDS, Barbara—“Dante: The
Divine Comedy 3- Paradise”. Translated by Dorothy L. Sayers and Barbara
Reynolds. Penguin Books, 1971, p.130 e
131.
(4) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante
Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 341-342.
(5) MUSA, Mark-- “Dante- The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”. Translated
with an Introduction, Notes, and Commentary by Mark Musa. Penguin Books, 1986,
p.112.
(6) Id. ib., p. 112-113.
(7) HOLLANDER, Robert & Jean- “Dante
Alighieri- Paradiso”: a verse translation by Robert & Jean Hollander.
Introduction & Notes by Robert Hollander.
Doubleday, 2007, p.219-220.
(8) MANDELBAUM,
Allen- “The Divine Comedy of Dante Alighieri- Paradiso”, op cit, p.342.
(9) MUSA, Mark-- “Dante-
The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”, op cit, p.115.
(10) HOLLANDER, Robert & Jean- “Dante
Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 221.
(11) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante
Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 343.
(12)
Id. ib, p. 343.
(13)
Id. ib, p. 343-344.
(14) Id. ib, p. 344.
(15) HOLLANDER, Robert
& Jean- “Dante Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 226.
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Para ouvir o canto IX:
https://www.youtube.com/watch?v=Fjx9ASmehHs
(acessado em 2.09.20)