PARAÍSO
Canto XXX
Os primeiros treze versos do Canto consistem
numa comparação entre o desaparecimento gradual das estrelas causado pelo nascer do Sol com o dos nove círculos angélicos que giram em torno do Ponto
luminoso (divino). O poeta, na sua
linguagem própria, indica o nascer do Sol pela referência ao fato de que cerca
de 6 mil milhas dali (um quarto da circunferência da Terra, em seus cálculos) “arde a hora sexta” (ferve l’ora sesta-
v.2), ou seja, o meio-dia
(1). Assim, avança “a claríssima serva/ do Sol” (la chiarissima ancella/ del sol- v. 7-8) (a aurora) e vai apagando as estrelas,
uma a uma, “até a mais bela” (/.../ infino a la più
bella- v. 9), i.e. Vênus,
a estrela da manhã (2).
Dante então se volta para Beatriz.
Afirma que tudo o que ele já disse sobre a beleza dela não lhe fez justiça, pois
ultrapassa a medida humana e “só o Criador
pode desfrutá-la inteiramente” (che solo il suo fattor tutta la goda- v.21). Nessa questão, ele se declara
vencido (vinto-
v.22), mais do que
qualquer outro poeta, trágico ou cômico, do passado. Segue-se esta comparação entre o
Sol, que afeta a vista, e a memória do sorriso de Beatriz, que afeta a mente de
Dante:
ché, come sole in viso che più trema,
così lo rimembrar del doce riso
la mente mia da me medesmo scema (v.25-27)
pois como o Sol golpeando a vista mais débil,/ a memória do seu doce sorriso/ me priva do uso da minha própria mente
Note-se
a sonoridade do v. 27, apoiado nas sílabas que envolvem o fonema formado pela consoante m e uma vogal.
Dante sempre cantou a beleza de
Beatriz, desde quando a viu pela primeira vez (aos nove anos, conforme
registrou em “Vita Nuova”) (3). Mas agora ele desiste de descrevê-la, “como deve todo artista que alcançou o seu
limite” (come
a l’ultimo suo ciascuno artista- v. 33).
Assim, deixa tal encargo para “maior
celebração / do que a da minha trombeta” (Cotal qual io la lascio a maggior
bando/ che quel de la mia tuba, /.../- v.34-5), ou seja, para melhor poeta.
Beatriz na sequência afirma que eles
estão agora no décimo céu, o Empíreo (a morada de Deus), e deixaram o Primum
Mobile. Assim se expressa:
/.../ Noi siamo usciti fore
del maggior corpo al ciel ch’è pura luce:
luce intellettüal, piena d’amore;
amor di vero ben, pien di letizia;
letizia che trascende ogne dolzore. (v.
38-42)
/.../ Saímos/
do maior céu material e entramos no que é pura luz:
luz
intelectual, plena de amor;/ amor do vero bem, pleno de alegria;/ alegria que
transcende toda doçura.
Ali, no Empíreo, prossegue Beatriz, Dante verá “uma e outra milícia do Paraíso” (Qui vederai l’una e l’altra milizia/ di paradiso, /.../- v. 43-4), i.e., a dos anjos e a dos bem-aventurados, sendo que esta última estará com o aspecto “que tu as verás no Juízo Final” (che tu vedrai a l’ultima giustizia- v.45). Como se sabe, de acordo com um dogma católico, os mortos ressurgirão com seu corpo para o Juízo Final.
Michelangelo Caetani- esquema da Divina Comédia |
Ali, no Empíreo, prossegue Beatriz, Dante verá “uma e outra milícia do Paraíso” (Qui vederai l’una e l’altra milizia/ di paradiso, /.../- v. 43-4), i.e., a dos anjos e a dos bem-aventurados, sendo que esta última estará com o aspecto “que tu as verás no Juízo Final” (che tu vedrai a l’ultima giustizia- v.45). Como se sabe, de acordo com um dogma católico, os mortos ressurgirão com seu corpo para o Juízo Final.
Após essas palavras de Beatriz,
Dante declara que “luz viva” (luce viva- v.49)
o circundou, e ele ficou “tão
envolto pelo véu/ do seu fulgor” ( /.../ fasciato di tal velo/ del suo fulgor,
/.../- v. 50-1) que nada
mais pôde ver. Compara essa luz com “um
súbito relâmpago que dispersa/ os espíritos da visão” (Come sùbito lampo che
discetti/ li spiriti visivi, /.../- v. 46-7), ou a capacidade de ver. Os comentaristas assinalam
aqui a semelhança dessa passagem com aquela da Bíblia (Atos, 22:6-11) que
relata o que aconteceu com S.Paulo na estrada de Damasco, quando este também perdeu a visão por uma luz repentina
(4).
Dante ouve ainda de Beatriz umas
breves palavras explicando-lhe que o Amor, que torna este céu (o Empíreo)
imóvel, está acolhendo-o em Si dessa forma, com tal saudação, “para fazer a vela pronta para sua chama”
(per far
disposto a sua fiamma il candelo- v. 54),
em que “vela” é metáfora de alma e “chama”, de fulgor do Empíreo (5). Tão logo Dante ouve essas palavras,
compreendeu “que se elevava, superando
seus poderes” (me
sormontar di sopr’ a mia virtute;- v. 57),
ou limitações, adquirindo uma nova capacidade de visão, que suportava a
intensidade da luz desse novo céu. Na
sequência, diz o poeta,
e vidi lume in forma di rivera
fulvido di fulgore, intra due rive
dipinte di mirabil primavera.
Di tal fiumana uscian faville vive,
e d’ogne parte si mettien ne’ fiori,
quase rubin che oro circunscrive;
poi, come inebrïate da li odori,
riprofondavan sé nel miro gurge,
e s’una intrava, un’altra n’uscia fori. (v.61-9)
e vi
luz em forma de rio /fulgindo fulvo entre duas margens/ pintadas com as cores
de mirífica primavera.
De tal
corrente saíam fagulhas vivas/ e de toda parte pousavam nas flores/ como rubis
engastados no ouro;
depois,
como inebriadas pelo seu perfume,/ afundavam-se no maravilhoso rio,/ e enquanto
uma entrava, outra saía dele.
As “fagulhas” aqui representam os
anjos enquanto as “flores”, os bem-aventurados, como será dito mais adiante, nos
versos 95-6. O comentarista Benvenuto assinala também outros significados: o
rio é a graça divina e suas duas margens são os dois coros de bem-aventurados
(os que se salvaram conforme o Antigo Testamento e os outros, que se salvaram
conforme o Novo) (6).
No verso 66 acima, as fagulhas
pousavam nas flores “como rubis
engastados no ouro” (quasi
rubin che oro circunscrive- v. 66),
o que associa as imagens de fagulhas (ou anjos) a rubis e das flores (ou
bem-aventurados) ao ouro. O perfume das flores, inebriando as fagulhas, as faz
afundar no maravilhoso rio.
A seguir, Beatriz diz a seu
admirador que o desejo dele de saber mais sobre o que vê lhe agrada, “tanto mais me agrada quanto mais aumenta”
(tanto mi piace più quanto più turge- v.
72). Mas para saciar a
sua sede de conhecimento ele deve beber (metaforicamente) da água (da graça
divina) desse rio de luz, “beber” com os olhos, a fim de adquirir uma
capacidade de visão sobrenatural, ou para que a revelação se efetive (7). Pois
sua “vista ainda não é tão elevada” (che non hai viste
ancor tanto superbe- v. 81),
uma vez que o rio, os topázios (agora mencionados em vez dos rubis) e a “relva ridente” (/.../ ‘l rider de l’erbe-
v. 77) são apenas “prefácios velados” (umbriferi prefazi- v.78), ou prefigurações (8), da sua verdade,
complementa Beatriz, a quem Dante chama de “o
sol dos olhos meus” (/.../
il sol de li occhi miei- v.75).
Segue-se uma comparação entre a
rapidez do bebê para sugar o leite da mãe, quando acorda muito tarde, e o
movimento do poeta ao se abaixar para o rio, “para fazer melhores espelhos/ de meus olhos” (/.../ per far
migliori spegli/ ancor de li occhi, /.../- v. 85-6), rio “que flui para o nosso melhoramento” (che si deriva perché vi s’immegli- v.
87), i.e. para o melhoramento
da nossa capacidade de ver, tornando-a adequada à revelação final de Deus (9). Enquanto
bebia, pareceu a Dante que o rio “de
comprido se tornava circular” (di sua lunghezza divenuta tonda- v. 90), como um lago. Esse círculo se
transformará numa imensa rosa, como se verá adiante, no v. 124 (10). Segundo um
comentarista, há aqui um significado interessante: o conceito linear está
associado ao tempo, enquanto o circular, à eternidade (11).
Depois,
o poeta afirma que ocorre a transformação festiva das flores e fagulhas,
comparando essa mudança à da gente mascarada quando põe de lado o seu disfarce,
e se revela como de fato é. No caso, o que Dante descobre são “as duas cortes celestes manifestas” (ambo le corti del
ciel manifeste- v. 96), a
saber, os bem-aventurados e os anjos.
O
poeta então invoca o “esplendor de Deus”
(O isplendor
de Dio, /.../-.v. 97)
para que lhe dê o poder de expressar o que viu, “o alto triunfo do reino veraz” (l’alto trïunfo del regno verace- v.98).
Inicialmente, afirma que lá em cima
há um “lume” (v.100) que faz visível
o Criador a certas criaturas, ou seja, aos anjos e bem-aventurados (eles veem
Deus através de Sua luz) (12) Essa luz
era a que antes fluía no rio linear, do tempo, e agora está presente no mar
circular, o da eternidade (13). Dizem
os versos:
E’ si distende in circular figura,
in tanto che la sua circunferenza
sarebbe al sol troppo larga cintura. (v. 103-105)
Essa
luz se expande em forma circular,/ tanto que a sua circunferência/ seria para o
Sol um cinto largo demais.
Isso dá uma ideia da magnitude ou
amplitude desse “cinto”.
Prossegue o poeta: “Toda essa
aparência (circular) resulta de um raio/
refletido da superfície mais alta do Primum Mobile” (Fassi di raggio tutta
sua parvenza/ reflesso al sommo del mobile primo,- v. 106-7), o qual, por sua
vez, recebe desse raio divino “vida e
potência” (vivere e potenza- v.108) para mover todos os céus, ou o universo
(14).
Na sequência, consta mais uma
comparação: aquela entre a encosta da colina, verde e florida, refletida (ou
espelhada) nas águas ao pé dela e as mil camadas (ou degraus) que se elevavam
acima da luz, circundando-a, em que Dante vê, espelhadas, as almas salvas ou, como
ele diz, “quantos de nós conquistaram o
retorno para lá” (quanto
di noi là sù fatto ha ritorno- v. 114). Ou seja, conquistaram o Paraíso, após o exílio
na Terra. Ele as vê nas pétalas da Rosa
mencionada abaixo:
E se l’infimo grado in sé raccoglie
sì grande lume, quanta è la larghezza
di questa rosa ne l’estreme foglie! (v.115-7)
E se o
mais baixo degrau acolhe/ tão vasta luz, qual deve ser a extensão/ onde estão
as pétalas mais altas dessa Rosa!
Essa metáfora da Rosa será dominante
nos dois próximos cantos. É a chamada Rosa Mística, concebida como um imenso
anfiteatro.
Dante então, já no Empíreo, além do
espaço e do tempo (16), afirma que sua vista “tudo acolhia/ daquela alegria em extensão e qualidade ” ( /.../ tutto prendeva/
il quanto e ‘l quale di quella allegrezza- v.119-120), tudo apreendendo imediatamente, naquela
largura e altura, tudo apreendendo em detalhes, como se estivesse perto, pois a
lei natural ali não funciona (17).
Presso e lontano, lì, né pon né leva:
ché dove Dio sanza mezzo governa,
la legge natural nulla releva. (v. 121-3)
Perto e
longe, lá, não acrescenta nem subtrai:/ pois onde Deus governa sem intermediação/
a lei natural não rege.
Em
seguida, Beatriz conduz Dante “pelo (centro) amarelo da Rosa eterna” (Nel giallo de la rosa
sempiterna,- v.124), que
rescende “fragrância de louvor ao Sol
(i.e. a Deus) e sua perpétua primavera”
(odor di
lode al sol che sempre verna- v.126).
Segue-se sua fala (a última do poema) (18), que se estende até o verso final deste Canto.
Inicia
dizendo para Dante ver todos os bem-aventurados que ali estão, “a comunidade das vestes brancas” ( /.../ ‘l convento de
le bianche stole- v. 129),
citação indireta do Apocalipse (19). Pede também para ele notar “nossa cidade” (nostra città- v. 130), a Cidade de Deus. E ver como os
assentos daquele anfiteatro estão tão ocupados “que pouca gente mais aqui se espera” (che poca gente più ci
disira- v. 132), uma vez
que Dante acreditava que o fim do mundo estava próximo (20).
G.Di Paolo- O assento de Henrique VII |
Beatriz
aponta para Dante um assento vago que aguarda a vinda do “nobre Henrique” (l’alto Arrigo- v.137),
o imperador Henrique VII, “antes que tu
participes deste banquete nupcial” (prima che tu a queste nozze ceni- v. 135), ou seja, antes da morte de Dante. O
monarca atendeu ao apelo do papa e se esforçou para “endireitar a Itália” (drizzare Italia- v.137), que sofria então uma luta entre
facções políticas. Aclamado imperador também de Roma em 1313, Dante punha todas
suas esperanças nele, que combateu os Guelfos. Mas se frustrou, pois Henrique
faleceu no mesmo ano, alguns meses depois (21). A Itália não estava preparada
para ele diz o poeta. E Beatriz usa esta imagem para criticar os
italianos:
La cieca cupidigia che v’ammalia
simili fatti v’ha al fantolino
che muor per fame e caccia via la balia. (v. 139-141)
A cega
cobiça que vos encanta/ torna-vos semelhantes à criança/ que morre de fome e
rechaça a ama-de-leite.
E
faz um prognóstico (lembremo-nos que a ação do poema se passa em 1300, embora
composto mais tarde; assim, Beatriz profetiza fatos já ocorridos e conhecidos
por Dante, que faleceu em 1321). Será papa (ou, nos termos do poeta, “prefeito
do fórum divino” (/.../
prefetto nel foro divino- v.142)
alguém que adotará um comportamento dúplice, ora apoiando o imperador,
ora favorecendo a oposição a ele (22). Trata-se de Clemente V, que exercerá “o santo encargo” (santo officio- v. 146) por pouco tempo pois logo “será atirado/ lá onde Simão Mago merece
estar” (/.../
ch’ el sarà detruso/ là dove Simon mago è per suo merto- v. 146-7), ou seja, onde estão os simoníacos
no Inferno, forçando mais para dentro do buraco na rocha -- naquela parte do 8º
círculo -- “o de Alagna” (quel d’Alagna- v. 148), i.e. Bonifácio VIII, seu antecessor.
Clemente V faleceu em 1314 (23).
NOTAS
(1) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante
Alighieri- Paradiso”. A verse translation by Allen Mandelbaum. Notes by Anthony
Oldcorn and Daniel Feldman, with Giuseppe Di Scipio. Bantam
Books, 1986- p.418.
(2) Id. ib., p. 418..
(3) Id. ib., p. 418..
(4) MUSA, Mark-- “Dante-
The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”. Translated with an Introduction, Notes,
and Commentary by Mark Musa. Penguin Books, 1986, p.359; HOLLANDER, Robert & Jean- “Dante
Alighieri- Paradiso”: a verse translation by Robert & Jean Hollander.
Introduction & Notes by Robert Hollander.
Doubleday, 2007, p. 746.
(5) ZOLI, M. e ZANOBINI, F.- “La Divina
Commedia: a cura di M.Zoli e F.Zanobini. Inferno. Purgatorio. Paradiso”.
Bulgarini, 2013, p. 969.
(6) Apud CRESPO, Angel- “Dante Alighieri- La Divina
Comedia”. Centro Editor de Cultura”, 2012. Argentina, p. 483.
(7) LONGNON, Henri- “La Divine Comédie”.
Traduction, préface, notes et commentaires par Henri Longnon. Paris: Garnier,
1951, p. 692; ZOLI, M. e ZANOBINI, F.-
“La Divina Commedia”, op cit, p. 970; CRESPO,
Angel- “Dante Alighieri- La Divina Comedia”, op cit, p. 483.
(8) MUSA, Mark-- “Dante- The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”, op cit,
p. 354.
(9) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of
Dante Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 419.
(10) MARTINS, Cristiano- “A Divina Comédia”. Segundo
volume. Purgatório. Paraíso. Tradução, introdução e notas de Cristiano Martins.
5a edição. Belo Horizonte: Ed Itatiaia, 1989, p. 535, nota.
(11) MUSA, Mark-- “Dante- The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”, op
cit, p. 360.
(12) Id. ib., p.361.
(13) HOLLANDER, Robert & Jean- “Dante Alighieri- Paradiso”,
op cit, p. 751.
(14) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy
of Dante Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 420;
MARTINS,
Cristiano- “A Divina Comédia”. Segundo volume. Purgatório. Paraíso, op cit, p.
536..
(15) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante Alighieri-
Paradiso”, op cit, p. 420.
(16) MUSA, Mark-- “Dante- The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”, op
cit, p. 362; HOLLANDER,
Robert & Jean- “Dante Alighieri- Paradiso”, op cit, p. 753.
(17) CIARDI, John- “The Divine Comedy”: The Inferno. The
Purgatorio. The Paradiso”. Translated by John Ciardi. New American Library, 2003, p.867.
(18) HOLLANDER, Robert & Jean- “Dante Alighieri- Paradiso”,
op cit, p. 729.
(19) MUSA, Mark-- “Dante- The Divine Comedy- Volume 3: Paradise”, op
cit, p. 362.
(20) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante Alighieri-
Paradiso”, op cit, p. 420.
(21) Id. ib., p. 420-1.
(22) MOURA, Vasco Graça—“Dante Alighieri- A
Divina Comédia”- Introdução, tradução e notas de Vasco Graça Moura. S.Paulo:
Landmark, 2005- p. 861.
(23) MANDELBAUM, Allen- “The Divine Comedy of Dante Alighieri-
Paradiso”, op cit, p. 421.
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(acessado em 19.10.20)